There’s no way back
vanita
Os Nirvana estiveram em Cascais há 25 anos, a faculdade também já foi há mais de duas décadas e nada me irrita mais do que esta incapacidade de dar vida a este blog. Tenho tanto que gostava de escrever mas, sempre que me aventuro em mais um tema ou num texto mais arrojado, penso que já não tenho nada de novo a acrescentar a este espaço. São quase doze anos de partilhas. Já disse tudo o que tinha a dizer vezes suficientes, das mais diversas e mirabolantes formas, em diferentes estados de maturidade e experiência. Que mais posso eu acrescentar quando sinto que apenas me repito e, ainda por cima, sem a originalidade de tantos textos que me orgulho de aqui ter arquivados. Não sei se me morreu a criatividade, o interesse ou o à vontade, mas sei que a inércia leva pontos de vantagem e vejo-o como um fracasso. Gostava de largar as amarras e escrever sem filtros, desempoeirada e sem medo de me expor, mas algures num passado não muito longuínquo deu-se um clique que parece não ter retorno. Estou demasiado consciente de quem sou, de quem me lê e, pior, das ideias que posso transmitir a terceiro sobre mim por dar azo à escrita de tudo o penso ou me passa pela cabeça. Chego a olhar com admiração para a coragem e valentia com que por aqui sempre fui dizendo o que penso. Não sei onde é que isso se perdeu, mas é como se tivesse perdido uma parte importante de mim. Gostava de voltar a ser como era mas receio que, a acontecer, nunca mais será o mesmo. É como esta coisa de envelhecer. Estamos sempre a mudar e não há caminho de volta para o que já passou. Como aquele concerto dos Nirvana em Cascais.