Tão merecido
vanita
Todos os dias, mesmo que me deite mais cedo, acordo à uma da manhã quando ele chega a casa. Todos os dias me levanto às sete. É duro, mas o jornal fecha tarde por causa do futebol. Ao fim-de-semana, o telemóvel toca de cinco em cinco minutos: são notificações de jogos (whatever that means!). Quando me distraio e volto a olhar para a televisão, fala-se sobre bola, discutem-se problemas sérios como o penálti não assinalado no jogo Y ou a saída do jogador X. Ultimamente é qualquer coisa dos vídeo-árbitros. A nossa vida é lembrada com mnemónicas de futebol: foi no dia em que o Sporting jogou com não sei quem, o Porto marcou dois ao não sei das quantas ou o Legia de Varsóvia fez não sei bem o quê. Não é só. TODA a vida segue ao compasso de agendas de jogos de futebol: que já foram ou que vão ser. Os bolos de aniversário são campos de futebol relvados, daqueles da nossa infância. Gosto tanto deste pormenor que já sou eu que insisto para que não mude. Se está mais distraído ou com pressa e não percebo bem porquê, o erro é meu: devia de olhar mais vezes para o mapa de jogos. De certeza que alguma equipa está a entrar em campo ou sair ou a perder ou a ganhar. Alguma coisa se passa, eu é que não sei. O futebol entrou na minha vida assim, sem pedir licença. Veio agregado àquele que é agora o meu marido. Mal se dá por ele, mas está sempre lá. Porque Rui Miguel Melo respira futebol, é a pessoa que mais sabe sobre o assunto e foi agora reconhecido pelo CNID - Associação de Jornalistas de Desporto com o prémio Vítor Santos - Revelação Imprensa Escrita. E é tão merecido como o que se depreende deste texto. Para mim, é um orgulho imenso. Tanto que não cabe em palavras. Só neste sorriso vaidoso.