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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

17
Nov16

Vou voltar ao cemitério dos livros esquecidos


vanita

O quarto livro da saga iniciada com o inesquecível «A Sombra do Vento» chegou hoje às livrarias espanholas. E, para a semana, cortesia da Planeta Editora, também já estará nas nossas prateleiras. Sim, vou regressar ao Cemitério dos Livros Esquecidos, a melhor criação de Carlos Ruiz Záfon. Sim, é verdade que me desiludi em tempos com o universo dos seus livros e, por momentos, senti a magia desvanecer. Mas sim, também é verdade que não há amor como o primeiro. Estou ansiosa por ler este último livro, quase dez anos depois de ter lido «A Sombra do Vento». Prometo vir cá falar-vos disto. Como podia não o fazer?

23
Fev16

Pai Nosso, de Clara Ferreira Alves


vanita

pai nosso.jpg

É um osso duro de roer, este romance de Clara Ferreira Alves. Assim como a realidade que retrata. Tal como a autora, também a protagonista desta história - melhor, a figura central - é uma pluma caprichosa que não se compadece com os conhecimentos dos leitores. Para "o fantasma", assim é apresentada Maria, ou o interlocutor sabe tanto como ela, ou nem merece uma possível troca de palavras. O mesmo se aplica ao leitor. O ritmo frenético e telegráfico, os avanços e recuos, não permitem pausas para explicações, menos ainda adaptações à linguagem comum. Aqui escreve-se em registo de reportagem de guerra, com terminologias e contextos próprios daquele ambiente e quem não consegue acompanhar fica de fora. Este não é um romance fácil, chega mesmo a ser exasperante pela ausência de pequenas bóias de salvamento a quem chega sem aviso prévio, bóias que indiquem para que direcção corre a história, ou até em que personagem nos focamos em cada momento. E só já bem a meio do livro conseguimos encontrar um fio condutor que nos leve até ao desfecho. Isto se a persistência nos permitir lá chegar. Aí sim, podemos descansar. É um bom livro, com algumas falhas, claro, mas um livro que não nos sairá da cabeça durante muito tempo. Muito pela impressão que a narrativa confere à história. Ainda assim, não é romance que agrade a todos, o que, em si, até pode ser um elogio. 

30
Dez15

Objectivos para 2016


vanita

Sou pouco de listas, mas esta já está idealizada na minha cabeça há uns tempos e talvez o melhor seja dá-la à estampa para que não me desvie do caminho. Em 2016 quero ler:

  • «A Amiga Genial», de Elena Ferrante: uuhh, está na moda e também quero ler. Não é bem por aí, mas quase. A sinopse, as opiniões de quem já leu e o facto de ser um romance de formação convenceram-me. Curioso é que, por norma, este tipo de livro passa totalmente ao lado das críticas, que o descarta com algum desprezo. Romances de formação são livros para adolescentes, nada têm para oferecer. Neste caso, estão todos rendidos. Talvez por causa do mito em torno do autor que ninguém conhece. Quem sabe?
  • «Eu Confesso», Jaume Cabré: Por vezes, leio uma sinopse, peso o volume do livro, sinto as páginas na minha mão e a ligação fica desde logo estabelecida. Raramente me enganei neste juízo e um romance ambientado em Barcelona não tem como me desiludir.
  • «Vai e põe uma sentinela», de Harper Lee: Este sim, será um desapontamento, mas devo-o a mim mesma. «Mataram a Cotovia» é um dos livros da minha vida. Não há como escapar a este produto de marketing mal-intencionado.
  • «Pedro Páramo», de Juan Rulfo: amiga querida pôs-me neste caminho de que já não consigo fugir. Li «Planície em Chamas» e fui fisgada pelo realismo mágico de Juan Rulfo. Este ainda não encontrei, mas será meu assim que lhe deitar mãos. Para me deliciar.
  • «Apenas Miúdos», de Patti Smith: Pois, ainda não li. Devo ser a única pessoa à face da Terra que não o fez. Há que reverter este sacrilégio.
  • «Stoner», de John Williams: Dizia eu que sou a única pessoa à face da Terra que ainda não li Patti Smith? E John Williams? Sou uma herege!
  • «A Sibila», de Agustina Bessa-Luís: Já que se fala em heresias. O livro da Agustina não fazia parte do plano de leitura obrigatório do liceu. Estou a arder no Inferno com tantos pecados. Quero pedir perdão.
09
Dez15

Perguntem a Sarah Gross, de João Pinto Coelho


vanita

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É um problema, este dos livros de autores portugueses, que marcam presença nas redes sociais, junto dos leitores. Não me interpretem mal. É uma postura positiva, essa da aproximação com o público-alvo, bem entendido. O problema é meu, que não me sinto à vontade para vos falar de um livro que devorei em menos de nada há largos meses. Tudo porque sei que o próprio autor vai ter acesso à minha opinião. Não que tenha o que quer que seja a esconder, mas exactamente porque não considero que os meus apontamentos tenham tanta importância assim. E isso tem-me retraído de vos falar de "Perguntem a Sarah Gross", o livro de estreia de João Pinto Coelho, que tantos elogios tem colhido, um pouco por todo o lado. Aliás, foram essas críticas exacerbadas que o colocaram no topo da minha interminável lista de "livros para ler", ali por altura da Feira do Livro, em Lisboa. 

João Pinto Coelho é um autor estreanlte, editado pela D. Quixote, que chega com o importante estatuto de "quase vencedor" do Prémio Leya e muitas medalhas de aprovação de nomes sonantes da crítica literária em Portugal. Se é merecido? Em parte, sim. Mas vamos com calma. A grande surpresa de "Perguntem a Sarah Gross" - além do título em estrangeiro, que salta à vista - é a linguagem quase cinematográfica da realidade criada por este autor para nos contar uma história que pretende romancear. Uma história crua, bruta e que tira o chão para sempre, assim que lá chegamos. Uma história onde não há personagens nem realidades portuguesas, ressalve-se. "Perguntem a Sarah Gross" é um romance universal e, só por isso, um passo de gigante para João Pinto Coelho. Ambientado em duas épocas distintas, com cenário na Polónia da II Guerra e nos Estados Unidos da América da actualidade, este é um livro que tenta guiar o leitor ao sabor de acontecimentos, memórias e alusões de passados recônditos. Uma ambição nem sempre conseguida, na minha opinião, e explico porquê.

A história que o autor nos quer contar, e de que tem aprofundado conhecimento, é muito mais poderosa do que o cenário em que é enquadrada. O desiquílibrio entre as duas realidades retratadas neste romance - que não poderei alguma vez esquecer - chega a ser constrangedor. Sem querer revelar mais do que me é permitido, a última metade do romance - que nos é contada sob um pretexto fraco e com pouca substância, na minha opinião - é absolutamente esmagadora. Quer pela qualidade e ritmo da história, quer pelo enredo e a nauseante certeza de que tudo o que lemos, apesar de fantasiado, aconteceu um dia. Ora, o grande problema deste livro - que recomendo - é mesmo o enquadramento da história de Sarah Gross, que me soa atabalhoado e pouco verdadeiro, sem qualquer desprimor para o autor. Trata-se apenas de uma questão de estratégia que, do meu ponto de vista, não resulta com seria suposto.  

Ainda assim, graças a "Perguntem a Sarah Gross" vi-me mergulhar no universo do Holocausto por mais três livros que devorei compulsivamente, de garganta apertada e com a fé na humanidade a desaparecer em cada página que virava. Como por um passe de mágica, tropecei em "No Rasto de Anne Frank" e "Os Últimos Sete Meses de Anne Frank". Foi um Verão difícil de digerir, com uma sentença que só encontrou alguma calmaria depois de "Se Isto é Um Homem", de Primo Levi. Não porque as atrocidades descritas sejam menos acutilantes, mas porque deixei de ter capacidade para absorver outros relatos. Pelo menos, nos próximos tempos. Em resumo, e para que não restem dúvidas, "Perguntem a Sarah Gross" é um relato impressionante, romanceado mas real, que não pode ser ignorado. Se pensam que já sabem o que foi a II Guerra, mudem de ideias. Leiam este livro de João Pinto Coelho.  

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