As pedras que vou colhendo
vanita
Ainda não eram nove da manhã quando cai, completamente desamparada, sem hipótese de tentar amortizar o impacto, em cima do passeio. O joelho bateu com todo o vigor na esquina do lancil e a mão deslizou esfarrapada pelas pedras da calçada. Fiquei ali, sem reacção, quase 30 segundos, a tentar perceber se conseguia mexer o joelho e continuar com o dia que tinha planeado para hoje. Ainda não vi o tamanho da nódoa negra que há-de assinalar o evento nos próximos dias, mas sobrevivi. Mesma sorte não terão as lindas sandálias que ainda carrego nos pés. Se conseguir chegar a casa sem nova visita ao asfalto, seguem directas para o caixote de lixo. Pena que não se possa fazer o mesmo às tão acalmadas e defendidas pedras da calçada. São lindas. Ficam bem num museu.