A Morte em Veneza, de Thomas Mann
vanita
Esta capa é linda, admirem lá!
Despertei a vontade de ler este livro por causa de um filme com a Marion Cottilard que nada tinha que ver com a trama de Thomas Mann. Apenas foi referido por uma personagem e cativou-me. Bastou uma das incontáveis promoções da Fnac e, em menos de nada, já o tinha em mãos para devorar. É mínimo, com pouco mais de 100 páginas e com esta capa fabulosa. Mas, vamos ao que interessa, e a história?
Ora bem, todos sabemos que isto da beleza é altamente subjectivo. Mas, quantos de nós não ficaram já - talvez algures no passado - fascinados com a ideia de Veneza? Uma cidade italiana feita de canais é quase imbatível no que diz respeito a cenários para deixar a mente deambular. Agora imaginem que a escrita de Thomas Mann, estranhamente, vos leva ao colo, com a destreza de um ser invisível, e vos faz viajar pela angústia que tudo o que é belo nos provoca. Deixem-se enlevar no feitiço com que a perfeição nos encanta e vistam a pele de um velho às portas da morte, deliciado com a êxtase da beleza efémera. É isto "A Morte em Veneza".
Há quem veja este livro como a descrição de uma relação homossexual platónica. Eu acredito que é tudo menos isso. Para mim, Thomas Mann reflecte sobre o encanto da juventude - a passageira juventude - nos últimos momentos de vida de um velho que nunca pensou algum dia ver-se encerrado num corpo flácido e idoso. A beleza da cidade contrasta com o cheiro putrefacto da doença, numa alusão à história que une estes dois seres. Lê-se num piscar de olhos mas fica para sempre. Recomendo.