O que fica do que fomos
vanita
Esfuma-se no tempo que levamos a dizê-lo e o que era deixa de ser. Nessa medida indizível, mudam gerações e núcleos familiares, muda a mesa da consoada. Sem tempo para mais do que perceber que já não o agarramos, o passado fica lá atrás e deixa-nos impotentes, cada vez menos convictos do futuro. É ao passado que pertencemos e é dele que faltam os afectos, as lágrimas e tanto do que somos. A vida não se compadece, não perde ritmo, mas quem somos abranda velocidade e cede espaço à nostalgia, à saudade e à falta que nos faz quem já se foi. Um dia seremos nós. Nós e todos os que guardamos dentro do que fomos.