A terra onde eu fui já não é
vanita
A demência e a velhice levaram o padre que, na minha memória, ainda guarda a inteligência travessa que tecia as astutas homilias paroquianas que eu ouvia nos meus anos de praticante. Foi-se, deixou-nos.
Também o venerável diretor da escola já se despediu deste mundo. Deixou nome a fazer história, mas quem guarda a memória dos seus excelsos cumprimentos ao entrar no portão do externato? Já só nós nos lembramos.
A infelicidade e a doença levaram o primeiro namorado, muito depois de o ter sido. Quando morre o primeiro amor, leva consigo uma parte do que fomos. E já foi há tanto tempo.
Hoje morreu o mais carismático professor da escola, aquele que nunca me deu aulas e o único que desejei ter conhecido mais de perto. Do tanto que fez, ficam alicerces para muito mais. Partiu, mas não se foi.
O passado é um lugar lá atrás que julgamos que existe mas onde não conseguimos nunca chegar. Só reparamos nele quando desaparece. A terra onde eu fui já não é.