Influencers na guerra
vanita
Levam os mal-afamados telemóveis topo de gama, tripés e ring lights e, munidos da melhor das intenções, vão atrás do assunto do momento: a guerra e a solidariedade com quem mais precisa. Nas fronteiras da Ucrânia assiste-se ao choque de dois mundos. De um lado, o desespero dos civis arrancados das suas casas, transmutados em refugiados, do outro, a mão que se estende para ajudar as vítimas da guerra de Putin, enquanto se grava um direto para as redes sociais, algumas delas entretanto já banidas da Rússia. Os novos repórteres de guerra deste milénio têm a coragem de largar tudo para estar no momento certo à hora certa e, poderão dizer, falta-lhes a sensibilidade para excluir o seu natural egocentrismo quando em causa estão situações-limite. Mas será mesmo assim?
[In]conscientemente, estes influencers de guerra do século XXI estão a fazer chegar a mensagem não só a ninchos que, por norma, não acompanham a atualidade noticiosa, mas também estão a alcançar o improvável público que está cada vez isolado do acesso à informação na Rússia. São muito jovens os utilizadores do Tik-tok que já entraram em espírito de missão e, todos os dias, se empenham em fazer passar o máximo de informações credíveis sobre o que se passa em ambos os lados da guerra. Resta saber quanto mais tempo de antena terá o Tik Tok para lá da fronteira que nos separa da insanidade.