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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

08
Mar21

Sobre isto de sermos iguais


vanita

O mundo começa a mudar aos poucos quando, ainda crianças, percebemos diferenças. Parecem irrevelevantes à partida, mas são estranhas e, apesar de, logo ali, nos perguntarmos porquê, não nos resta outro remédio se não aceitar. É a menina que ajuda a mãe na lida da casa e não percebe porque é não se tenta ensinar os irmãos com o mesmo empenho, é o pedido encarecido para que se seja sempre mais bem-comportada, responsável e recatada, quando a bitola é tão mais lassa com os rapazes. É a proibição de sair à noite sem um adulto responsável, e nem sequer ponderar a ideia de chegar depois da hora estipulada, menos ainda com sinais visíveis de uma boa rodada. Pequenas diferenças que nos acompanham durante a vida. Quando começamos a trabalhar e reparamos que o  salário mais do que a nossa competência reflete o nosso género. É percebê-lo quando um colega acabado de chegar à empresa tem uma progressão profissional de um cometa, apesar de não dominar os princípios básicos do ofício e de estar a anos-luz de tudo o que as colegas fazem com uma pernas às costas. É perceber como a sociedade incentiva as mulheres a trabalharem até ao último momento quando engravidam, como se só assim fossem dignas de valor. É viver todos os dias como se em nenhum deles houvesse dores menstruais e fingir sempre que essa realidade não existe, como se fizesse parte dos livros de ficção científica, com todos os sacrifícios que isso implica. É anularmo-nos enquanto tentamos provar ao mundo que somos mães de excelência e boas profissionais, tudo ao mesmo tempo, naquilo que um dia vai ser encarado como uma das maiores atrocidades que se cometeram nesta insane luta por um papel de relevância na sociedade. É nunca dar parte de fraca, sobretudo junto dos homens, sob pena de sermos ainda mais desvalorizadas. É engolir os insultos, esconder as atrocidades e fingir que está tudo bem quando não está. Enquanto estas pequenas diferenças continuarem a fazer parte das nossas vidas, o caminho pela igualdade ainda não está percorrido. 

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