Silêncios brutos
vanita
Ai, que aflição
ter uma indignação e não lhe dar vazão.
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vanita
Ai, que aflição
ter uma indignação e não lhe dar vazão.
vanita
[21 de setembro de 2019]
Já ninguém lê blogs. A frase sai com o som do desapontamento temperado de convicção. E, ao contrário do que possam pensar, não fui eu que a proferir. Ainda tentei argumentar, encontrar uma qualquer bóia de salvação, sem êxito. Já ninguém lê blogs. Mas, se assim é, vou ser optimista. Acredito que, apesar de embrutecidos ao nível da Idade Média, com níveis de ignorância medonhos, há qualquer coisa que nos impele para a leitura e discussão de ideias. Ainda há quem procure profundidade e conhecimento.
Mas, se primeiro vieram os blogs e em pouco tempo a palavra bloggers ganhou espaço, entretanto, o Instagram impôs-se e é ver movimentos nascer à volta desse outro conceito: os influencers e instagrammers. Sustentáveis, minimalistas e com novas filosofias de vida, crescem como cogumelos, com estratégias de comunicação e marketing bem pensadas e melhor aplicadas. Há toda uma panóplia de ideias e conceitos que, difundida ao alucinante ritmo dos stories de Instagram, nos fazem pensar que o que aconteceu há cinco ou dez anos foi há tanto tempo.
Vivemos tempos novos - tão novos quanto os tempos novos que nos antecedem ao longo dos séculos. Os temas que fazem a agenda social e política, por muito que permaneçam os mesmos - têm uma linguagem própria e códigos sociais que refletem valores específicos do século XXI: o combate ao plástico, a promoção de uma vida sustentável e de consumo consciente, a adoção de novas formas de dieta, redução do consumo de carne e cuidado dos animais. Nada disto é novo, mas a abordagem é.
vanita
[19 de janeiro de 2019]
Somos todos muito espertos. Até ao dia. O fenómeno de massas é poderoso e está bem estudado. Em última análise, terá sido com essa dinâmica de grupos e multidões, ajudado com o poder da rádio e das telecomunicações, que Hitler se impôs numa época de medos e receios. É inegável o impacto de uma voz convicta quando a insegurança bate à porta. Somos todos muito espertos. Até ao dia em que nos sentimos ameaçados.
Seria de esperar que, com o decurso da história, estivéssemos mais bem preparados para evitar repetições que levem por caminhos semelhantes mas, infelizmente, temos assistido ao ressurgimento de ideias cada vez menos tolerantes e mais radicais. Ideias perigosas que conquistam seguidores e
vanita
[21 de março de 2018]
Inspira fundo e deixa que o ar fresco e solarengo limpe as entranhas acabrunhadas mais profundas que o inverno
vanita
[7 de março de 2018]
Das ofertas de rosas aos jantares temáticos, passando pelas aulas de maquilhagem e as produções de gala, tudo isto nos humilha enquanto mulheres. Porque o dia da mulher não é isto. Aceitá-lo é anuir, de forma acéfala, com este jeito velado de desconstruir um dia que é de luta, que é necessário e que não pode ser vilipendiado como se de uma brincadeira se tratasse. Os jantares de amigas, os instastories e as prendas abafam a essência do que nos deve unir. De que serve a festa se no dia seguinte ainda há mulheres que se levantam à mesma hora que o marido, às cinco da manhã, para o ajudar a despachar-se antes de ir para o trabalho, como ouvi um dia destes no metro? De que servem as rosas, se todos os dias o jantar e a loiça lavada dependem da energia e trabalho da figura feminina da família? Sempre que alguém apregoa que “já há muitos homens que ajudam em casa”, morre uma andorinha. Qual ajudar? Os homens, tal como as mulheres, devem aprender desde cedo a passar a roupa a ferro, lavar a louça e fazer a cama. É uma questão de higiene pessoal e o tempo das criadas há muito que já lá vai. E isto, se nos cingirmos apenas ao nosso pequeno universo. O dia 8 de Março tem universal e há lutas bem mais prementes do que estas questões comezinhas do nosso dia-a-dia, mas é preciso que se perceba
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