De onde vem este ódio pelas mulheres?
vanita
Os números já cansam mas nunca pesaram tanto. Desde o início do ano morreram 12 mulheres (serão mais?) vítimas de violência doméstica em Portugal. Nas últimas 24 horas, foram encontrados três cadáveres, se não contarmos com mãe e filha carbonizadas num carro em Lagoa de Albufeira. Às vésperas do Dia da Mulher (venham lá falar-me em jantares de gajas e maquilhagem que vão ver), estes números assumem o peso da tragédia com maior intensidade. Um cenário que ganha maior dimensão com as polémicas em torno do juiz Neto de Moura e das suas decisões absurdas que em nada protegem as vítimas da crueldade alheia. É impossível continuar a atirar com areia para olhos e fingir que nada se passa. É imperativo adoptar políticas sérias e imediatas que combatam a demora de resposta do Estado perante casos há muito sinalizados como problemáticos. Se não queremos falhar como sociedade, temos de garantir que os mais desfavorecidos - mulheres, crianças, idosos e todos quantos necessitem - se sintam seguros quando a sua integridade física é posta em causa. Não podemos continuar a alimentar o medo. A violência galopante destes últimos meses traz o mesmo alerta que os incêndios de verão dos últimos anos: estamos a falhar e não podemos continuar a fazê-lo. Os números envergonham-nos. É tempo de assumir o flagelo e dar luta ao problema. Não sei de onde vem este ódio pelas mulheres. Sei que temos de o travar. Hoje é um bom dia para começar.