Eu não sei tudo
vanita
Hoje estava a apresentar uma ideia num grupo de trabalho e sai-me com uma expressão que me é tão natural como autêntica e genuína: “depois acrescentamos uns pormenores importantes sobre este assunto que todos vocês sabem bem melhor do que eu”. Entredentes mas bem perceptível ouvi alguém corrigir-me - sim, eu ouvi: “Ninguém sabe mais do que tu sobre isto!”. Entendo a intenção e aceito a correção. Segue a mesma linha de uma outra que me foi feita há uns tempos quando, numa das milhares de vezes em que me auto-censuro, voz amiga me chamou à atenção: “não te desprezes, tu não és isso que dizes de ti mesma”. Pois não, sei eu! Mas, ao que parece, a minha certeza não é evidente se não me vestir com a arrogância e convicção que dita a postura característica de tantos medríocres que por aí pululam. Desculpem o tom, mas custa-me sempre aceitar a forma como hoje em dia o talento e profissionalismo são muitas vezes ocultados pelo fogo-de-artíficio de quem se enche de certezas e verdades absolutas para criar falsas imagens de sucesso. Eu não acredito nisso. Cheguei a esta idade a acreditar no Pai Natal mas, para mim, o debate de ideias, a mente aberta às dúvidas, a capacidade de adaptação a novas formas de abordagem dos temas, a ausência de padrões rígidos de comportamento ou formatos de procedimento e a certeza de que todos os outros terão sempre algo de útil e muito válido a acrescentar são a minha postura perante a vida. Assim sendo, não me sinto colocada em causa quando me questiono, sinto-me em pé de igualdade. Não me diminuo, mostro-me sempre disponível para aprender e saber mais. E, lamento, do meu ponto de vista, esta é a forma mais sábia de se estar perante a vida. Porque eu não tenho a convição de saber tudo, mas também não tenho medo de perguntar. Seja a quem for.