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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

31
Dez17

Um livro, uma série e um programa de televisão


vanita

O tempo é o que fazemos com ele e, se nem sempre chega para tudo o que queremos, há que aproveitar o possível para o usar da melhor forma. Em 2017 vi muitas séries, li muito menos do que gostaria e tive quase sempre a televisão desligada. Em resumo deixo um livro, uma série e um programa de televisão que valeram mesmo a pena:

LIVRO: “Pedro Páramo”, de Juan Rulfo. Em boa hora surge a reedição deste fabuloso romance. Andava há tanto tempo no seu encalço, mas apenas existiam edições brasileiras, a que nunca consegui deitar mão. Se apenas pudesse escolher um livro para ler, este seria a melhor das opções. Se ainda não leram, leiam.

SÉRIE: Foi dos anos em que acompanhei mais séries, quase todas no Netflix, mas vi poucas novidades, tendo-me ficado pelas novas temporadas das que já sigo. Podia destacar o “This is Us”, uma das melhores descobertas do ano, mas tenho que falar no “The Crown”, que acompanha a família real inglesa. Já devorei as duas temporadas e, só por causa disso, ando a ver um documentário sobre os Windsor. É realmente um tema fascinante e, numa altura em que há tanta informação mas se dedica tão pouco tempo ao conhecimento, nada como uma série histórica que nos estimula a saber mais sobre o mundo que nos rodeia.

PROGRAMA DE TV: Já aqui tinha dito que a costura é o meu novo hobbie. Nem de propósito, a RTP estreou um concurso para costureiros amadores, que se tornou no meu vicio dos últimos tempos. Ao sábado à noite assisto religiosamente ao “Cosido à Mão” e estou cada vez mais fã. Apesar de me faltar a paciência para o género talent show, este em particular, enche-me as medidas com instrução e animação na conta certa. Se gostam de costura e ainda não conhecem, espreitem. Vão adorar.

30
Dez17

Astuta mas muito ingénua


vanita

Hoje acordei com uma revelação. Tive um sonho e, como se o meu cérebro me quisesse dizer algo que eu já devia ter percebido há anos, acordei com a certeza de algo que nunca tinha considerado. Porque sou ingénua e até crédula. Eu explico: a mentira não faz parte da minha postura perante a vida e, por isso, raramente ponho em causa o que as pessoas mais próximas me dizem. Percebi que não é assim para todos e eu, sempre tão astuta e atenta às sensibilidades de cada um, peco por ser ingénua. Percebi isto ao ler o livro de Mário de Carvalho, “Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto”. Muito resumidamente, a parte que interessa aqui contar, diz respeito a um pai que, tendo o filho preso, mente a todos dizendo que ele está emigrado no estrangeiro. Só que, no dia em que se cruza com a ex-namorada do filho no emprego, uma alpinista social sem escrúpulos, que já anda de roda do patrão, pede-lhe, por favor, que não comente a situação do filho por ali, ao que ela responde, coração nas mãos, que nunca o faria. Nesse mesmo dia, o patrão chama este empregado e pede-lhe que faça uso da presença do filho em determinado país para dar avanço a uns papéis necessários para a empresa. E é aqui a que ingénua Vanita entra: eu acredito que isto, por muito estranho que pareça, é apenas uma insólita coincidência. Acredito piamente nisso. E sou parva: é o próprio narrador que confirma a traição da alpinista, “tal como todos os leitores já tinham previsto”. Pois, astuta mas muito ingénua, é o que sou. Hoje o meu cérebro juntou dois mais dois e percebi uma história com anos. Mentiram-me e eu acreditei. Mas já percebi a verdade e essa revelação ninguém me tira.

30
Dez17

Um ano de equilíbrios


vanita

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Dizem que os primeiros doze dias do ano ditam os doze meses que se seguem. Quando 2017 começa com um funeral, já sabia que os próximos tempos não agoiravam nada de bom. Não que seja supersticiosa, mas porque a vida é feita de equilíbrios: depois de um ano tão mágico como o de 2016, tinha de aguardar o reajuste do universo. O ano que agora termina trouxe mortes, hospitais e doenças para os que me rodeiam e nenhum ano com estas palavras acaba com balanço positivo. Ainda assim, foi um ano conseguido: realizei algumas das minhas resoluções de ano novo, o que penso ser uma estreia. Adoptámos uma cadela que faz as delícias dos nossos dias, compramos a nossa própria casa (!) e consegui dedicar tempo útil à costura, o meu novo hobbie. Não fiz exercício físico, dedicámos os três primeiros meses do ano a um projecto que nos roubou muitas horas extra e que, depois de tanto sacrifício, nunca chegou a ver a luz do dia. Ia ser o meu primeiro livro, a dois. Fiquei três semanas (ia jurar que foram meses) sozinha em casa com uma cadela de quatro meses e foi a grande prova de fogo da minha resistência: houve uma altura em que pensei que não ia conseguir sair ilesa desta experiência, o que me faz dar ainda mais valor às mães solteiras ou às que, mesmo sendo casadas, não têm qualquer ajuda no dia-a-dia. Fomos a São Miguel no Verão e só lamento não ter ido antes (e que as viagens para as nossas ilhas não sejam mais acessíveis). Rebentei de orgulho quando o meu homem recebeu o prémio de jornalista revelação do ano. Senti o chão fugir dos pés quando a palavra cancro quis dar o ar da sua graça em 2017, felizmente, o ano termina com uma substituição de peso pela palavra curada. 2017 é um ano de equilíbrios: não é um ano bom, mas não posso dizer que tenha sido mau.

24
Dez17

Um Santo Natal


vanita

Nunca se esqueçam, além dos doces e da comida, o mais importante é a família, os amigos e os bons sentimentos. E a bênção de muita saúde. É-se feliz com isto.

19
Dez17

Viver várias vidas


vanita

Sair da zona de conforto. Deixar o bairro onde se cresceu, viver noutras cidades. Em várias zonas da mesma cidade. Trabalhar em diversas áreas, em diversos sectores e escalões salariais. Trabalhar no quadro, trabalhar a recibos verdes, pedir o subsídio de desemprego e largar tudo e seguir viagem. Viver com outras pessoas, com família, com amigos, com inimigos e com desconhecidos. Ter horários diferentes do resto da sociedade, andar às avessas, trocar os dias pelas noites e trabalhar nos feriados. Folgar em dias de semana. Alinhar na rotina, fazer parte da carneirada das horas de ponta, levar marmita para o trabalho, desesperar nos transportes públicos. Conhecer os famosos, ser reconhecido. Não ser ninguém. Sair da zona de conforto. Mudar sempre. Sem medos.

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