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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

26
Fev17

A caixa dos segredos tem dez anos


vanita

Era noite de Óscares quando, às 1h39 na madrugada de 26 de Fevereiro de 2007, abri finalmente o meu blog pessoal. Já tinha tido outros, mas naquela noite ganhei coragem de me lançar a solo, como devia ter feito logo desde o início. Demorei algum tempo a encontrar o meu próprio tom, que vai sendo ajustado a cada momento. Não sou a mesma pessoa, quem é, afinal? Tinha 28 anos, vivia num pequeno quarto no centro de Lisboa, não muito longe do local de trabalho, estava realizada profissionalmente e um pequeno caco em termos emocionais. Estava no rescaldo do mais exigente e decisivo desafio da minha vida, o que mudou toda a perspectiva que alimentava os meus vinte anos. Passaram dez anos e naquela altura nunca pensei que isso fosse possível. Escrevi sobre os vestidos dos Óscares nessa noite. Era um tema que gostava de ler mas rapidamente percebi que não era o meu estilo. Comentei notícias, dei azo à minha veia literária, cai na patetice de fazer desabafos pessoais e profissionais sobre o que corria menos bem na minha vida. Em dez anos tudo mudou. Convencida pela Lina, troquei o Blogspot pelo Sapo, a Google obrigou-me a abandonar o Google Reader e optei pelo Feedly, fiz amizades que duram toda esta eternidade e que não teria conhecido de outra forma: a Bad Girl, a Inês dos livros e a Carolina (e a Andreia) moram no meu coração. Mudei de cidade, mudei de carreira, casei-me e dei guarida a uma pequena cadela, que ainda me mói o juízo. Aprendi que a mudança nos faz mais bem do que mal. Que é desejável, muito melhor que a estagnação dos dias parados. Perdi o medo e aprendi a abraçar o que a vida me traz. Passaram dez anos e estou à beira dos quarenta. Isto até custa a escrever, mas não sou das que negam a idade. Quero viver a verdade, não sou pela negação. Hoje em dia gosto de fazer yoga, embora raramente tenha tempo, gosto de estar em casa, gosto de aprender a fazer crochet, a tricotar e a usar a máquina de costura. Não suporto os clichés feministas que condenam essas actividades. Gosto de ler, de ver séries e de experimentar novas receitas. Gosto de apreciar a vida sem a pressa de partilhar tudo online, gosto de estar informada e ter opiniões fundamentadas. Gosto de amizades sem cobrança e não faço projectos para o futuro. Tenho muitos sonhos e planos infinitos, mas vivo o dia-a-dia sem drama nem pressão. Não sei o que reservam os próximos dez anos mas posso adivinhar que vêm aí mudanças. A vida nunca se mantém igual de década para década. Só posso desejar que sejam boas mudanças e, não sendo, que tenha força e coragem para as saber encarar com serenidade. Que ainda cá estejamos todos em 2027 para ler mais um post originalíssimo igual a este.

23
Fev17

Este artigo foi escrito em parceria com *****.


vanita

Há por aí empresas ditas de comunicação social que usam e abusam da publi-reportagem, identificada em letras mínimas com a frase que está no título. Há por aí quem queira reconquistar o lugar do jornalismo e a seriedade na abordagem dos temas. E há chicos-espertos que baralham tudo com vista ao lucro fácil. Caminhos que parecem atalhos, daqueles que aprendemos que nos levam mais depressa ao destino mas que, garantidamente, nos metem em trabalhos. É necessário voltar a clarificar conteúdos, sob pena de deseducarmos toda uma geração que deixa de saber pensar por si mesma. O que é jornalismo não é entretenimento e é imperativo que essa distinção seja clara e muito objectiva.

20
Fev17

Em bicos-de-pés


vanita

Antes de chegar a Lisboa nunca me tinha cruzado com esta expressão: em bicos-de-pés. Mas, ao longo dos tempos, tenho-me rendido ao seu significado. Nada transmite com tanta assertividade o que realmente se quer dizer nestas situações. Fala-se de pessoazinhas, metaforicamente pequeninas, que "se acham", para usar uma outra expressão que me assegura o modo corriqueiro de que este post já se veste. Pôr-se em bicos-de-pés é tentar ser mais do que realmente se é, é ousar chegar onde não se consegue tocar. Ou, para manter o tom, é não ter unhas para a coisa. É dúbia esta expressão, pela sua condescendência, que mistura no mesmo saco os de mérito com puros fanfarrões. Só não é totalmente injusta no sentido em que, até quem tem talento, o deve ter para o saber usar. Pôr-se em bicos-de-pés é, em última instância, um erro de estratégia, um tiro no pé. Quem se acha ou quem merece ser achado perde sempre mais do que ganha quando se estica para fora de pé. Vai que se afoga?

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