O mal só triunfa porque os bons se calam. Para que as sociedades funcionem em pleno, há regras, normas e papéis sociais que devem ser respeitados, sob pena de se (sobre)viver numa anarquia sem rumo. Ainda assim, momentos há em que um individuo, pleno de consciência do mundo que o rodeia de o seu papel na estrutura social, tem de ter a clareza de espírito por optar por fazer diferente. É nesse brilhantismo que, não raras vezes, residem muitas das viragens que o mundo tem. O que seria da luta contra a segregação racial se Rosa Parks não se tivesse recusado a ceder o seu lugar no autocarro? O mesmo se pode dizer do inesquecível discurso de Martin Luther King, da bondade da madre Teresa de Calcutá ou da coragem de Malala Yousafzai e de Simone de Beauvoir. Cada uma destas pessoas, individualmente, acreditou que a sua atitude podia ser a diferença. E seguiu o seu instinto, contra tudo e contra todos. Conseguiram deixar a sua marca. Muitas haverá de que a história não fala, é sempre assim. Mas o importante não é o reconhecimento. Nelson Mandela, Oskar Schindler ou Aristides Sousa Mendes não procuravam a fama ou reconhecimento quando decidiram ir contra a lei. Trata-se sempre de uma luta maior, um gesto bem mais abrangente, mais generoso e caridoso. Trata-se de humanitarismo. Momentos há na vida em que é preciso saber estar do lado certo da história. É imprescindível saber reconhecê-los.