Aos mal-amados
vanita
Tu, que murmuras os bons dias de forma inaudível evitando trocas de olhares para não dar azo a mais conversa;
Tu, que enches as mensagens de negas escondidas entre lols e smiles para disfarçar o corte que dás a quem te procura;
Tu, que inventas telefonemas e falas com interlocutores inexistentes para evitar conhecidos na rua; Tu, que escondes o assédio amoral numa fachada de bon vivant muito cool que não liga a estereótipos da sociedade;
Tu, que vives às custas dos teus pais para assegurar essa vida boémia que não poderias ter de outra forma;
Tu, que não olhas a meios para entalar os colegas se isso te permitir brilhar junto do patrão;
Tu, que enganas o teu marido e usas a sua vida ocupada como justificação;
Tu, que fazes birras no supermercado apenas para ter mais um brinquedo que viste na prateleira apesar de saberes bem que não lhe vais ligar muito assim que saíres da loja;
Tu, que usas a saúde e a doença como álibi para manipular os teus filhos e assim conseguires matar as saudades mais depressa;
Tu, que inventas reuniões e projectos profissionais para faltar aos saraus dos teus filhos;
Tu, que te escudas em desculpas para seres pior pessoa.
Sim, tu. E tu, e tu e tu.É visível.
Todos sabemos a verdade. Não te enganes.