A intelligentia portuguesa está chocada por o livro «Mein Kampf» ter esgotado no stand da editora que o publicou, durante a Feira do Livro.
Que, ai nossa senhora!, que não há controlo sobre quem compra este livro infame que não tem nada de valor para acrescentar ao mundo e que - vá de retro, Santanás! - que isto não são negócios que se façam, que não se entende a curiosidade das pessoas, que o novo Holocausto está próximo e outras tolices do mesmo calibre. Que devia ser proibido, que não pode ser, que aquilo nem é material que valha a pena ler.
Bom, começamos por aqui: se já o leram, calem-se enquanto é tempo. O que é que vos diferencia de quem tem interesse em comprá-lo?
Quanto ao resto: a sério que querem controlar quem compra o quê e que livros são ou não publicados?
O que dizer de quem acredita que não é necessária mais informação para se perceber as atrocidades que tiveram origem naquele livro? Na Idade Média também se defendia que o conhecimento devia ser restrito e, até mesmo, proibido. Não me recordo que a queima das bruxas nos tenha trazido nada de bom. Custa-me acreditar que haja, hoje em dia, quem defenda este tipo de ideias.
Que não se controla a intenção de quem lê. Claro que não, mas será isso que impedirá o que quer que seja?
Vivemos no tempo do medo ou estas vozes que se abespinham falam apenas no vazio?