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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

23
Mai16

Onde é que estavas a 23 de Maio de 1998?


vanita

Do outro lado da rua, do sétimo andar de um dos milhentos prédios cinzentos que enchiam a minha realidade de menina do campo expatriada num canto obscuro da cidade, soltava-se a voz de Céline Dion, nos acordes do grande hit do momento: a banda sonora do filme "Titanic". Eu tinha 19 anos, dividia quarto com uma das minhas melhores amigas, do tempo em que as amigas eram distinguidas com brazões a que hoje em dia se atribui a insígnia BFF. Ao todo, éramos sete miúdas num apartamento sem sala, na Pontinha, um sítio onde ainda o metro e o Colombo não tinham chegado, mas as suas promessas eram uma realidade que enchia os dias de esperança. Lutava todas as manhãs com um despertador que tocava às 6h30 mas raramente cumpria a sua missão. Aprendia a arte nunca até hoje dominada de andar de autocarro em Lisboa. As carreiras ficaram todas na minha terra, em Lisboa só havia autocarros. Este e outros pormenores faziam-me doer o peito de saudades de casa, da minha mãe, do meu pai e dos meus irmãos. Mas sabia que era por ali o caminho e, assistir à inauguração da Expo98, sozinha naquele quarto, com a música do outro lado da rua, dava-me a certeza de que nunca nada seria como antes. E não foi.

16
Mai16

#dezanosdepois


vanita

Faltavam cinco minutos para a meia-noite quando me lembrei que passam hoje dez anos daquele dia terrível. Tive um dia de trabalho normal, chateada porque o Sporting não ganhou o Campeonato, fui ao ginasio, apanhei uma multa por mau estacionamento, fui pedir contas ao musculado guarda que estava na PSP, emocionei-me com os primeiros minutos do episódio de hoje da Guerra dos Tronos e deixei o Arrow a meio porque tinha sono. Qualquer semelhança entre este dia dos meus 37 anos e aquele em que tinha apenas 27 é pura ilusão. Mais uma vez confirmo, sou muito grata por esta benção.

15
Mai16

Mudasti


vanita

Mudasti, uma palavra antiga - hehhe - para descrever o que se passa neste blog. A minha vida não é um blog aberto, menos ainda um espaço social virtual que basta clicar no F5 para que seja actualizado. A informação rápida e praticamente instantânea pode ser um vício. Atordoa-nos de tal forma que, quase sem darmos por isso, perdemos a nossa identidade em prol das várias personas que assumimos em cada uma das plataformas virtuais. Para as alimentar recorremos ao que somos, ao que de mais banal e até de mais íntimo temos e que faz de nós pessoas únicas e excepcionais. Esvaziamo-nos em conteúdos formatados para Instagram, Facebook, Twitter, blog, tumblr, snapchat, whatssapp e todas essas apps cujas notificações nos alimentam o ego. Como dizia, maravilhados com o conceito, ficamos vazios e angustiados, dependentes de likes e confirmações de apreciação, às quais ligamos íntima e negligentemente o nosso estado de humor. Sem nos apercebemos, deixamos que o mundo fictício de George Orwell se torne realidade a cada passo que damos. Somos controlados e manipulados mas, estranhamente, acreditamos que somos felizes. Há que romper a teia, questionar o que nos rodeia e procurar novas formas de estar e agir, tirando o maior proveito deste mundo virtual, sem que ele nos sugue por completo. Tudo isto para explicar que, sim, mudei. Mas ainda por aqui ando e em breve voltarei. Com a minha armadura contra o Big Brother. He is not watching me.

10
Mai16

Desencantar


vanita

Ceder ao lado mau da força é ouvir,

arrepiar e não falar, deixar estar.

Abafa-se o credo do entusiasmo

numa postura de marasmo,

uma atitude frouxa e trouxa,

de quem se esconde e amocha.

É vergonha que trespassa

o coração que amansa.

Ceder ao lado negro da força é

comer e calar. Desencantar.

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