A que preço?
vanita
Num destes dias, estava a almoçar num desses locais ditos muito in nesta cidade alfacinha. Olhei para o lado, e o sorriso de satisfação do miúdo pareceu-me conhecido. Absorvido pelo gelado que tinha na mão, nem reparou em mim. E eu, que esperava pelo tabuleiro que teimava em chegar, distraí-me a observar o ambiente. Logo ao lado, reconheci a irmã. Lembro-me de ter nascido, mas não a conheço, muito menos à sua família que, por acaso, notei, estava toda ali concentrada. Sei os nomes deles, conheço as pequenas particularidades e até consigo - se estiver para isso, que não é o caso - compor toda a agenda pessoal e profissional deste agregado familiar. Pelo menos parte significativa desse dia-a-dia está retratada com imagens e vídeos nas mais diversas redes sociais. Fosse eu stalker ou pessoa mal-intencionada e tinha à minha disposição tudo o que precisava para cometer pequenas loucuras - deixo à vossa imaginação, que não é porta que me apeteça abrir. Mas este acaso fez-me pensar ainda mais no quanto nos andamos a expor sem noção do perigo. É muito giro ter comunidades gigantes de fãs, boosts ao ego todas as manhãs e uma centena de notificações que ajudam a preencher o vazio das nossas vidas. Claro que é, é este o busílis das redes sociais. Mas, como pessoas informadas que somos, o que nos leva a partilhar tantos dados relevantes que podem facilmente atentar contra a nossa segurança? De repente, passámos a deixar a chave do lado de fora da porta sem noção das consequências. Reparem, não apontei o dedo a ninguém em particular. Este é um comportamento comum. Mas quando foi que perdemos a noção de perigo? Até quando?