Fuck cancer
vanita
Quando tinha dez anos, cheia de espírito visionário e atenta às preocupações de então, vaticinei que o cancro seria o nosso fim. Não me recordo da linha de pensamento que me fez pensar isso, até porque a SIDA era a grande preocupação naqueles idos finais dos anos 80. Talvez por isso mesmo, por considerar que se estava a negligenciar o potencial de destruição do cancro a longo prazo, pela urgência da SIDA, então um caso mais galopante e sério. Têm sido duros estes dias. David Bowie morreu de cancro. Alan Rickman morreu de cancro. Em dois dias, Celine Dion perdeu o marido e irmão para o cancro. Fernando Ávila morreu de cancro, assim como mais umas sete ou oito figuras que dão rosto a este filho da puta que não nos larga. Eu já tive cancro, a Sofia Ribeiro tem cancro, o Gonçalo Diniz tem cancro, a Kitty Fane e a Bad também já tiveram cancro, assim como o meu avô e a minha tia. De repente, parece que, se não nos formos de acidente ou desastre, só nos despedimos desta vida na companhia de um qualquer tumor. Que esta passe a ser a nossa prioridade, ainda que tardia. Vamos acabar com isto como acabamos com a peste negra. Não deixemos esta herança às novas gerações. É certo que outros problemas surgirão, mas é nossa obrigação solucionar este que temos em mãos. Pela nossa sanidade.