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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

31
Jul15

O Sentido do Fim, de Julian Barnes


vanita

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Aos anos, senhores!, aos anos que andava para ler este livro. Calhou apanhá-lo em promoção na Feira do Livro e, naquela que é uma das alturas mais caóticas do ano em termos laborais, li-o em menos de uma semana. E teria lido por muitos mais dias, semanas até, assim Julian Barnes me desse esse prazer. Há livros que não se lêem, sentem-se e devoram o que de mais profundo temos. É impossível escrever sobre um romance que tem o mérito de nos ler. Não fui leitora deste "O Sentido do Fim", encontrei-me nele. De forma tão profunda que apenas me resta um sorriso de empatia. É isto. 

30
Jul15

Número Zero, de Umberto Eco


vanita

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Declaração de interesses #1 - Este é o primeiro livro que leio de Umberto Eco

Declaração de interesses #2 - Sou jornalista. Actualmente em stand by, mas jornalista.

 

Nunca li "O Nome da Rosa" nem sei se o farei mas, assim que bati com os olhos neste novo livro de Umberto Eco, fui incapaz de o ignorar. Parti às cegas, sem saber o que estava por detrás deste "Número Zero". Não sabia se era edição recente ou reedição de livro antigo. Li a sinopse e, enquanto não o devorei, foi um desassossego. Explico: a acção deste pequeno romance de pouco mais de 100 páginas passa-se nos meandros da redacção de um jornal diário. Um jornal que nunca chega a ser publicado, é certo, mas que expõe todos os vícios de qualquer redacção por esse mundo fora. Uma crítica feroz ao papel dos jornalistas e ao suposto quarto poder saída da pena de um escritor e filósofo incontornável. Irresistível.

Comecemos pelo acessório. Detesto a capa escolhida pela Gradiva. Mudava tudo: cor, brilho, imagem, tipo de letra. Até o formato do livro beneficiava de uns centímetros trabalhados com mais carinho. Não se justifica que um livro sobre jornais aposte no brilho para a capa que, sob um fundo cinzento, morre na insípida imagem escolhida. Dá a sensação que foi feita às três pancadas, em cinco minutos, para perder pouco tempo. É o que menos importa. 

Quem não conhece o meio jornalístico pode ficar chocado com o que Umberto Eco expõe sem salamaleques de qualquer tipo logo no arranque deste "Número Zero". As redacções são micro-cosmos muito específicos, tudo ali se passa em velocidades divergentes daquelas a que o comum dos mortais está habituado. Os desígnios de quem abraça o jornalismo e, por ele, não se importa de sacrificar até a vida pessoal, auferir um salário menor e nunca despir a camisola, sem qualquer noção de horários laborais, não são visíveis na aura de glamour que envolve a profissão. Uma dedicação que muitos chamam de "bichinho", para não dizer apenas que é paixão.   

"Número Zero" é, por isso mesmo, um documento único na exposição crua e factual com que nos abre a porta desse jornal diário que nunca chega a ver a luz do dia. Há passagens brilhantes e arrepiantes, em que qualquer jornalista se irá rever, e é com emoção que abraçamos este romance. A mas promessa não se cumpre. Tal como a capa, a partir de determinada altura, temos a sensação que o autor se perde em relação ao objectivo inicial e, em linguagem corrente, a montanha acaba por parir um rato. 

Em suma, o tema é apelativo mas este não deve ser o livro mais elaborado de Umberto Eco. Antes pelo contrário, a própria escrita reflecte a falta de entusiasmo e vontade que invade o texto a meio da trama. Vale pela curiosidade de conhecer a parte menos visível de uma redacção. 

29
Jul15

Um Deus passeando pela brisa da tarde, de Mário de Carvalho


vanita

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Se acham que são prolíficos em termos de linguagem, desenganem-se. Mário de Carvalho engoliu um dicionário quando escreveu "Um Deus passeando pela brisa da tarde" e o melhor é desistirem de consultar os significados sempre que se cruzarem com palavras novas e desconhecidas. Das duas uma: ou lêem este romance histórico ou renovam o vocabulário linguístico. Em cada frase, se houver duas ou três palavras e/ou conceitos que dominam, dêem-se por satisfeitos. É isso mesmo: "Um Deus passeando pela brisa da tarde" é uma viagem à língua portuguesa, uma descoberta fascinante de um mundo imenso. Mas vamos por partes.

Ao contrário do que possa parecer pelo que acabo de dizer, este não é um livro difícil de ler. Nem por isso. O léxico pode ser invulgar e distintivo, mas a linguagem é muito acessível e não é complicado depreender a grande maioria dos significados dos termos menos conhecidos. Ou seja, ler este romance é um exercício maravilhoso de descoberta e apreensão de novos vocábulos e formas de comunicar. Só por si, já vale toda a recomendação possível. É apenas a ponta do iceberg.

Comecemos pelo princípio. "Um Deus passeando pela brisa da tarde" é um romance histórico, cuja acção decorre durante o Império Romano, algures na Lusitânia, na fictícia Tarcisis, no século II d.C.. O protagonista é Lúcio Valério, o magistrado da desta cidade, um homem justo e honrado que vive o drama de tentar corresponder aos desígnios de Roma numa altura em que os primeiros cristãos começam a ameaçar a unidade e equilíbrio de todo o Império. A história vale sobretudo pela riqueza de pormenores acerca da vida quotidiana e organização estrutural, política e social, de uma cidade romana. Os hábitos e os ideais, as posturas e os códigos de conduta morais e as clivagens sociais são parte essencial deste romance que, nessa qualidade, se revela um instrumento poderoso para a transmissão de uma realidade apenas visível em achados arqueológicos. Ler e aprender, pode haver melhor do que isto?

O único senão deste romance reside na profundidade das personagens. Acompanhamos toda a trama pelo ponto de vista de Lúcio Valério e temos total percepção da sua angústia, mas falta-nos um contraponto que permita ter acesso a outras visões da história, que não quero aqui revelar. Um pormenor que não mancha a apreciação global: este é um livro que merece atenção e reflexão. Leiam. 

28
Jul15

Ben Harper de skate na Praça da Figueira


vanita

A coisa deu-se há duas semanas, mais concretamente, há 20 dias. Enquanto andava meio mundo de copo na mão a posar para as inevitáveis e obrigatórias selfies noAlive, Ben Harper deu um pulinho à Praça da Figueira para mandar uns tralhos de cima do skate. A malta que por lá estava, curtiu a cena e até publicou a história no Instagram.

Mas, claro, quem é que olha para um vídeo de skate quando é o festival que está a dar que falar? O exclusivo é da Surge - Skate Magazine, uma revista gratuita sobre Skate feita por gente que é mesmo boa no que faz. Não fossem amigos do peito.

Ninguém deu por nada. Até hoje, quando a história foi repescada pelo Diário de Notícias, sabe-se lá por alma de quem. O vídeo tornou-se viral e está em todo o lado. O Ben Harper é que nem por isso. Foi há duas semanas. Tivesse sido hoje e ainda o apanhavam pelas ruas de Lisboa. Para isso, era preciso estarmos atentos. Fica a lição. 

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