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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

26
Mar15

Transfigurados pela dor


vanita

avião.JPGHá qualquer coisa de indescritível nos rostos dos familiares das vítimas da queda do avião nos Alpes. Não sabemos explicar, mas aquelas expressões, as rugas e os trejeitos, os movimentos e a postura dos corpos, aproximam-nos de forma dolorosa do horror que se apodera de quem descobre que algo mudou para sempre. Inevitavelmente. As chegadas dos aeroportos são espaços de felicidade e reencontro. Nunca estamos preparados para receber a pior das notícias enquanto aguardamos os nossos entes queridos. A passagem de uma emoção à outra fica marcada como ferro em brasa. E arrepia-nos, até a nós, que nada temos em comum com aquelas pessoas em particular. Revemo-nos na dor e reconhecemo-nos naqueles rostos. Não consigo imaginar a transfiguração que se dá quando se divulgam notícias como as que dão conta de que a queda do avião se deve ao facto de alegadamente o co-piloto se ter trancado no cockpit e de ter accionado o botão de descida a pique. 

20
Mar15

A primeira meia maratona sobre o Tejo


vanita

Eu estive lá. Foi há 25 anos e a prova contou apenas com três mil participantes. Um deles era o meu pai. Os tempos eram outros, corria-se por carolice e por uma questão de saúde, não existiam todos os artefactos do running e bastavam umas sapatilhas e uns calções para se participar nas corridas que pululavam um pouco por todo o país - sim, isto não é recente. Lisboa chegou tarde, mas chegou. A prova - na altura ainda não era meia maratona, se a memória não me falha, mas os habituais 16 quilómetros que reuniam os fanáticos das corridas quase todos os fins-de-semana - tinha pouco de atractivo em relação aos grandes eventos daquele tempo, mas a ideia de passar a ponte 25 de Abril a pé foi suficiente para conquistar o grupo de amigos do meu pai. Nós, as famílias, fizemos o que sempre fazíamos. Viemos atrás, com o farnel na bagageira, para dar apoio e piquenicar por aí, como era hábito. Correu mal, correu muito mal. E isto é coisa que pouco sabem, menos ainda se lembram. Lisboa nunca tinha organizado uma corrida e não estava preparada para dar vazão quer nos abastecimentos quer na enchente que se gerou na meta, à chegada dos participantes. Criou-se um tumulto e uma confusão de que não há memória - resta a minha e a dos que, como eu, assistiram a tudo. A multidão acumulou-se à chegada e - meu deus! - as entregas dos prémios de participação não estavam a dar escoamento aos corredores. E havia chocolates que não estavam a ser entregues aos justos vencedores. Esta é a minha memória mais dolorosa, confesso. Em segundos - foi o que me pareceu - havia pessoas em cima da carrinha de distribuição e tudo se descontrolou. Agarraram nas caixas de chocolates e foi uma festa: nós crianças fomos as mais beneficiadas. Chocolates para todos. Mas tivemos de sair a correr, que a coisa não estava para grandes amizades. Foi um verdadeiro desastre e esta é a história que ficará para sempre. Felizmente, a partir da segunda edição, tudo mudou. Para melhor.  

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