Porque a vida é feita de mudanças
vanita
Quando passamos do primeiro para o segundo ciclo, mudamos de escola, aprendemos a ler um horário e percebemos que nunca mais teremos apenas um professor que acompanha o nosso ritmo e nos tenta ensinar de acordo com o que somos. Percebemos a responsabilidade e há uma certeza que nos transcende: somos crescidos! O mundo, esse, insiste no sorriso condescendente. Como se fosse mentira.
O que dizer do conturbado período da pré, pós e adolescência efectiva? Lidamos com todas as perguntas e inseguranças, dúvidas e angústias, testamos limites, fazemos descobertas e maravilhamo-nos todos os dias com uma transformação que mais ninguém parece dar conta. Aliás, todos sabem que adolescente é quase sinónimo de miúdos irritantes com a mania que são alguém. Mas quem dúvida que são mesmo alguém?
Não muda quando se entra para a universidade ou se ingressa na vida activa. Cheios das novas responsabilidades, radiantes com o carimbo de adulto no Cartão do Cidadão assim que se completa 18 anos, entusiasmados com as cartas de condução e as liberdades recém-adquiridas somos senhores e reis do mundo. Desta vez é inegável: somos adultos, fazemos parte da sociedade, votamos e sabemos os nossos direitos. Então porque é que nos continuam a olhar com o ar de sempre?
Aos olhos do tal mundo, os mais novos nunca crescem. E por mais que tenha quase 35 anos, que esteja convicta de que vivi mais do que muitos de 80, há toda uma multidão descrente, porque é disto que a sociedade é feita. Por isso é que, sem desprezar ninguém, é importante que saibamos trilhar o nosso próprio caminho, acreditar nas nossas conquistas e deixarmo-nos contagiar pela alegria de cada etapa. Porque também nós nos rimos da criança de cinco anos que diz que já não é bebé. E porque, se chegarmos aos 80, havemos de sorrir com as palermices dos que têm quase 35.