O meu bobby morreu hoje. Podia explicar que é o primeiro a dizer-me olá quando chego a casa dos meus pais, à minha casa. Podia dizer que quase não consigo entrar em casa porque ele se enrola nos meus pés durante todo o caminho até à porta, sempre de rabo a abanar enquanto ralho com ele por não me largar, podia tentar descrever o olhar meigo quando entro em casa e digo que acabou a brincadeira. Até podia lembrar que no ano passado, quando fui operada, ele nunca se chegou perto das minhas pernas enquanto não recuperei totalmente, mas acompanhava-me nos meus passeios pelo pátio, a andar, muito devagarinho, ao meu lado. Podia lembrar que foi com ele que desabafei quando o meu mundo desabou, por coincidência, na mesma altura em que ele foi atropelado e ficou aleijado de uma perna para sempre. Ficámos de "baixa" ao mesmo tempo e fomos a companhia um do outro. Podia dizer que não sou uma pessoa expansiva com os animais e que ele mudou isso em mim. Podia contar tudo isto e muito mais. Não faria diferença. O meu bobby morreu hoje.
Nada me satisfaz mais do que a alegria dos meus e os meus são todos os que, voluntária ou involuntariamente, se cruzam na minha vida e passam a fazer parte dela. Fico mais pobre sem quem me faz bem. E quem me faz bem são os meus amigos do coração. Assistir ao casamento de dois deles, dois, não tem palavras. Vive-se, absorve-se e sente-se. É a felicidade aos bocadinhos, em tons de rosa, com muito açúcar à mistura. Já são felizes, vão continuar sempre a ser. Perfeito.
Há alguma coisa pior do que um bebé que chora desalmadamente durante a noite inteira e incomoda toda a gente num raio de cinco quilómetros. Não há, bem sei.
Este é um pedido inesperado. Muitos de vocês vão ficar em choque. Peço que mantenham a calma, está tudo bem. Mas sim, preciso da vossa ajuda. Quero conselhos de livros - sim, livros - para ler nas férias. Ou melhor, quero que me dêem títulos, que me falem de livros arrebatadores, daqueles que se lêem sozinhos, que entusiasmam, que puxam por nós mesmo quando estamos na praia e temos preguiça de fazer o que quer que seja. É verdade, entrei num impasse. Nada me entusiasma.
Sair de casa com apenas uma peça de roupa para além da lingerie, passar a noite na esplanada sem usar um casaco, encontrar mais do que um lugar para deixar o carro antes de apanhar o comboio. Nada se compara ao Verão.