Há um efeito de Pavlov que se desencadeia sempre que vejo o nome Carlos Ruiz Záfon, ou desencadeava. Tudo por culpa de "A Sombra do Vento", que li em 2007, quando fui a Barcelona. Depois desse livro, que consta entre os meus favoritos de sempre, ansiei pela saga, com "O Jogo do Anjo". E fiquei desiludida. Aquilo que no primeiro era apenas um tempero, o ambiente sinistro e fantasmagórico, transformou-se no protagonista principal de uma história decalcada do livro anterior. Foi sem grande vontade que li "Marina", um das primeiras obras do autor, traduzida para português no final do ano passado. E percebi que não valia a pena insistir. A magia de "A Sombra do Vento" é irrepetível e, por muito que o autor me saiba embalar nas suas histórias, não justifica o tal efeito pavloviano. Ainda assim, depois de me oferecerem este "Príncipe da Neblina", foi com curiosidade que o devorei. Porque este livro marca a estreia do autor, porque é dirigido a um público juvenil e porque queria saber se me surpreenderia. As expectativas eram baixas e, por isso mesmo, gostei do que li. Sempre fui entusiasta do registo juvenil e, embora o tom sinistro esteja sempre presente, neste tipo de aventura, faz todo o sentido. Devora-se numa ou duas tardes, mas é um momento bem passado. Que não deixará grandes marcas, mas não desilude.