Não foi isto que me venderam...
Não sei se a situação se repetiu noutro tempo mais antigo. Sei que esta angústia, este desespero que me tolda o futuro e mal me deixa ver o presente já me rondou. Começou em 2001 e prolongou-se até meados de 2002. Começou quando terminei o meu primeiro estágio na área em que me licenciei. Correu bem? Não! Fui bem acolhida, bem tratada e aprendi muito? Também não. Mas era um estágio na área com que sempre tinha sonhado, na melhor empresa em que o poderia ter imaginado. Foi o pior trabalho da minha carreira. Quatro meses que não posso dizer que foram de sofrimento porque eu estava ali a lutar por qualquer coisa que não via, não tinha sequer vislumbre de ver tão depressa, mas em que acreditava. Sabia, tinha a certeza, que ia conseguia. Bastava ter as armas ao meu dispor. Tudo ruiu quando finalmente abri os olhos para o horror que todo aquele estágio representou. O desprezo, a falta de apoio e o adeus que se prolongou porque, voluntariamente, me ofereci para ficar lá mais uns tempos. Podia ser que acordassem. Podia ser que me vissem! Pensava eu. A desilusão veio depois. Devagarinho, tal como agora. Sorrateira, aos poucos tomou conta de mim. Roubou-me o sorriso, roubou-me a alegria, roubou-me a esperança. Essa, que nunca devemos perder de vista. Foram meses duros, muito duros, os meses de 2001. Porque não foram só meses. Foram dias, foram manhãs, foram rotinas, foram um arrastar meio que levitado pela vida, sem brilho nem calor. Não pensem que baixei os braços. Nunca os baixei. Mas não via resultados, não via luzes ao fundo do túnel. Só sentia esta angústia tremenda que me sufoca a garganta, que me rouba o sorriso, que me faz chorar sem saber bem porquê. Não, não estou feliz. Dizem-me que sou romântica demais, que é esse o meu problema! O quê? Sou lá romântica! Eu não quero é uma vida cinzenta, uma vida sem paixão, sem entrega, sem nada por que lutar. Eu gosto de desafios, eu gosto de me pôr à prova, eu gosto de acreditar em mim e dizer que sim, que eu sou capaz. Sobretudo aos que, olhando para mim, nunca apostariam uma senha que fosse no meu "cavalo". Já mostrei várias vezes que o "meu cavalo" chega lá e hei-de continuar a fazê-lo por toda a minha vida - chamem-me romântica, i don't care!. Não me tirem é a esperança. Nem o sorriso. Só isso!