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"Tão bom o Natal! Traz tanto conforto humano, familiar e espiritual. Sei que muita gente sofre nesta data e fica deprimida na altura da Consoada. Quase todos pela mesma razão: pela falta dos seus. Muitas vezes estamos sozinhos porque queríamos ter outras pessoas ao nosso lado. Sei que não é fácil gerir a falta de um ente muito querido, uma pessoa da família, mas o Natal é a comemoração dos vivos, a celebração de estarem todos juntos...
É óbvio que é complicado ultrapassar a falta de alguém. Não quero minimizar isso. Pelo contrário! É pena a vida ser assim. A única certeza que temos é a de que um dia não estaremos todos juntos. Daí, de toda a depressão que a constatação desse facto possa causar, também devia nascer a alegria de viver O momento, aproveitar as tréguas que a vida nos dá e ser genuinamente feliz! É por isso que eu gosto do Natal.
Porque nos obriga a reflectir, porque nos obriga a parar e a dar valor ao que temos ao nosso lado. É por isso, por esse valor que todos sabem e conhecem tão intimamente, que muitos se sentem tristes nesta época do ano. Porque não querem pensar, porque têm medo de falhar nas expectativas - eu própria sofro tanto desse mal -, porque se apercebem que nem tudo está bem na forma como se relacionam com as pessoas ao longo do ano, etc.
E tudo isto porquê? Porque embora as queixas relativas à quadra natalícia sejam mais do que justas, a verdade é que é impossível ser-se indiferente ao espírito do Natal. TODA a gente sabe que é Natal. Comemore-se ou não, acredite-se ou não, católicos, agnósticos, ateus e fiéis de outras religiões sabem o que o Pai Natal, o pinheiro, as luzes e o consumismo escondem: uma mensagem de amor tão forte e tão singela que a todos atordoa. O Natal traz ao de cima a criança mais inocente e pura que há dentro de cada um. No fundo, mesmo criminosos, bandidos e outros malfeitores - quero eu acreditar -, todos querem permanecer fiéis à criança que foram um dia. Não há magia mais bonita do que esta!
Feliz Natal!"
Texto de Vanita, escrito no moleskine, na madrugada de 24 de Dezembro de 2006