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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

12
Jul24

As minhas bandas


vanita

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Ontem o NOS Alive juntou Smashing Pumpkins e Arcade Fire, as bandas que mais mexem comigo. E quase que as deixei escapar, por apatia apenas. Felizmente o dia não esgotou, felizmente algo em mim não esmoreceu. Aos 45 anos, lá fui eu, com uma decisão de última hora, assistir aos meus concertos favoritos de sempre. Em boa hora. Afinal, a maturidade pode ser uma coisa boa.

02
Jul24

Traídos pelo que fomos


vanita

Olhas e sorris. Sabes, naquele preciso momento, que o sorriso empoderado é um reflexo inesperado de autoconfiança, sinal de mudança e crescimento. Estremeces num milésimo de segundo mas deixas-te encantar por esta nova forma de reagir. Quando foi que te transformaste no que sempre quiseste ser? Essa força não veio de dentro, é algo que te define, sem esforço. Existe, simplesmente. Há quanto tempo? E só hoje, confrontada com o passado, percebes que o que foi não tem lugar. Mesmo que esteja ali, à tua frente, a fingir que não te vê. 

16
Mai24

Dezoito anos


vanita

Faz hoje dezoito anos que os meus vinte e sete anos se esvaíram nas palavras tumor neuroendocrino do tipo carcinóide, nunca mais me esqueci deste nome que soletro como uma mnemónica, sons que me levam de volta àquele gabinete acanhado das consultas externas no Hospital Curry Cabral. Nunca mais voltei a ter vinte e sete anos. Há momentos que nos mudam para sempre, sem que os outros reparem. Foi há dezoito anos e, naqueles dias, fechada no meu quarto e no meu mundo, só pedia que pudesse ao menos chegar aos trinta, já que casar e ter filhos me parecia ambicioso e inalcancável. Tive sorte, o susto corroeu-me mas nunca passou de um susto. Parece simples e, não o sendo, ainda bem que assim é. Roubaram-me alguns dos melhores anos mas assistir à passagem desta data é um privilégio que nunca me esqueço de agradecer. Mudou-me mas sempre acreditei que foi para melhor.

05
Dez23

O livro que escrevo na minha cabeça


vanita

São personagens e momentos que irrompem nos meus pensamentos. Há muita emoção, ação e incontáveis estruturas em constante movimento. Desde que me conheço que tenho este projecto secreto guardado num sítio tão recôndito que quase acredito quando o nego, mas a verdade é que ele existe e impõe-se nos momentos de nostalgia e de encontro comigo mesma. Há uma história que cresce na minha cabeça, uma ideia que nunca ganha forma concreta e, por isso, me frustra. Às vezes acredito que, se me dedicar apenas a isso, o conceito ganha forma e vou conseguir extrair essa história que me habita há tanto tempo. Só que  essa passagem do tempo dá-me a certeza de que este é um objetivo tão oco como qualquer outro, uma ilusão. Mas a sensação de que a minha história não ganha forma apenas porque não encontro a chave para lhe dar vida persegue-me. E irrita-me pensar que não estou à altura de todos os desafios a que me proponho. À falta de melhor, fica aqui este apontamento para registo daquilo que não consigo fazer. Acreditem, isto também é maturidade.

23
Set23

O que fica do que fomos


vanita

Esfuma-se no tempo que levamos a dizê-lo e o que era deixa de ser. Nessa medida indizível, mudam gerações e núcleos familiares, muda a mesa da consoada. Sem tempo para mais do que perceber que já não o agarramos, o passado fica lá atrás e deixa-nos impotentes, cada vez menos convictos do futuro. É ao passado que pertencemos e é dele que faltam os afectos, as lágrimas e tanto do que somos. A vida não se compadece, não perde ritmo, mas quem somos abranda velocidade e cede espaço à nostalgia, à saudade e à falta que nos faz quem já se foi. Um dia seremos nós. Nós e todos os que guardamos dentro do que fomos.

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