Não ser
vanita
O que mais custa quando deixamos de exercer jornalismo é deixarmos de ter uma palavra activa na sociedade e no que nos rodeia. Seja pela escolha de um ângulo, pela capacidade de farejar uma história, pela investigação de um dado insignificante, um jornalista de imprensa diária tem nas mãos a capacidade de fazer a sociedade olhar para o que se considera ou não relevante. É óbvio que entram em jogo questões de agenda, editoriais e de enquadramento no meio onde se escreve, mas existe uma capacidade de intervenção que dá mais significado ao cansaço do dia-a-dia: um sentido de missão e de dever cumprido, que acaba por se traduzir em realização pessoal. Ser jornalista é ter uma voz, é ter a capacidade de dar voz a quem a não tem. Nestes quase cinco anos que já levo sem o jornalismo na minha vida, é disso que mais sinto falta. De ter opinião e de a poder fazer valer. Custa despir esta pele. Custará sempre.