A minha contribuição para a igualdade de género
vanita
Tenho andado a rever a série "New Girl" e, um dia destes, assisti a um episódio em que um escandalizado Nick ensina o pobre Schmidt a lavar a roupa na máquina. Fá-lo de forma exemplar, como se fosse a coisa mais banal do dia-a-dia, perante a angustiada vergonha do amigo, por ter de assumir que não o sabe fazer. Este é um daqueles casos em que se educa pela ficção. Nenhum destes comportamentos é (ainda) norma. Os homens não se envergonham de não saber usar os aparelhos domésticos e nem aprendem a fazê-lo desde crianças. Felizmente, tendemos para isso, embora vá demorar mais do que devia até que seja realmente como está retratado neste episódio. Sabemos disso quando ouvimos comentários menos simpáticos para homens que fazem das tarefas domésticas parte da sua rotina. A sociedade ainda assume que os homens precisam de ajuda para gerir uma casa. É mais implacável com as mulheres, mas a verdade é que também se está a perder terreno nessa facção. As mães adoram mimar os filhos e, neste caso, mal. Há progenitoras que continuam a insistir em passar a ferro a roupa dos meninos - e das meninas - quando eles já saíram de casa, casaram e foram pais de filhos. Há quem insista em fazer a limpeza semanal na casa de filhos crescidos e criados. Há adultos feitos que nunca lavaram uma sanita.
Ora bem, esta pequena introdução conduz à minha proposta para a igualdade de género. É muito simples: que se ensinem tarefas domésticas nos primeiros anos escolares. São aulas que podem ser práticas e contribuem para o bem-estar de todos. Ser adulto também é saber limpar o pó, aspirar, lavar a roupa e fazer uma sopa. Escolher vegetais no supermercado, aprender a ler rótulos dos alimentos, saber optar pelo detergente correcto para limpar as loiças da casa de banho, passar a ferro e engraxar os sapatos. Distinguir a roupa a colocar no tambor da máquina, escolher a temperatura correcta e aprender a diferença entre um estufado de um assado. Ligar o forno, fazer um bolo, aprender a coser à mão, fazer bainhas e pôr um botão. Qualquer uma destas actividades é essencial e indispensável no dia-a-dia de um adulto. E, apesar de, nos anos mais recentes, a sociedade de consumo nos ter habituado a satisfazer as necessidades num acto de compra, o saber fazer nunca ocupou lugar. Pelo contrário, com conhecimento de causa, temos argumentos para saber escolher e avaliar o valor (monetário ou não) de cada tarefa. E é de pequenino que se torce o pepino. Com naturalidade e muita brincadeira à mistura. Porque não há razão para vivermos em mundos de fantasia, onde as necessidades básicas não fazem parte da prioridade de ensino.
Por isso, a minha proposta é que se eduquem a crianças a saberem ser adultas independentes e subsistentes.