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caixa dos segredos

Bocados de mim embrulhados em palavras encharcadas de emoções. Um demónio à solta, num turbilhão de sensações. Uma menina traída pelas boas intenções.

03
Fev13

1984, de George Orwell


vanita

Não é fácil escrever sobre este livro de George Orwell. Há muitos anos que o queria ler mas, por uma razão ou por outra, fui sempre adiando e acabou por ser agora que decidi dedicar-me a ele. Má altura, penso eu, e já esclareço porquê. Ao contrário de "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, este não é apenas um mundo de ficção, antiutópico, que nos faz questionar a realidade que nos rodeia sem, no entanto, nos tirar o prazer da leitura. Mas, espera aí, dizem vocês. Estás a dizer que não gostaste de ler "1984"? Não é bem isso, mas não está completamente errado. Vou tentar explicar. Para mim, este livro divide-se em três fases distintas. Aliás, o próprio autor - by the way, descobri que George Orwell é um pseudónimo do escritor Eric Arthur Blair - o faz em termos de estrutura de narrativa. Se no início nos deixamos enveredar pela história como se de mais um romance ficcionado se tratasse, tudo ganha nova e asfixiante intensidade a partir da terceira parte. Sem querer entrar em considerações políticas, ainda mais porque acredito que, seja uma crítica ao totalitarismo, fascismo ou socialismo, todos se tocam quando falamos de extremos, penso que é notório o sofrimento físico de George Orwell no momento em escreveu o livro. Para quem não sabe, "1984" foi a última obra do britânico, que a redigiu pouco antes de sucumbir a vários anos de tuberculose. Ora isso é evidente nas últimas páginas do livro onde, acredito eu, o sofrimento do protagonista se mistura de forma orgânica com o do autor. Não sei de do registo intenso do processo por que passa o protagonista, se de me ser difícil lidar com uma realidade tão deprimente numa altura como a que atravessamos actualmente, a verdade é que senti necessidade de largar o livro com urgência, sem disso retirar prazer. Os tempos são complicados e o aviso que George Orwell emite - trata-se disso mesmo, de um aviso - é de tal forma assustador que sufoca. Seremos nós, seres humanos, capazes de deixar que isto aconteça? Não se terá esse processo já iniciado? Estaremos a tempo de o abortar? Qual o valor da nossa força?

"Não permitam que isso aconteça. Depende de vocês", disse George Orwell em declarações à imprensa, já depois de "1984" ter sido publicado e de ter feito correr muita tinta com considerações sobre o objectivo do autor. Estaremos à altura do seu pedido? Eu quero acreditar que sim.

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